Hoje acho que foi o dia em que mais ri nessa viagem. A Europa até agora tem sido fácil. Em Londres desenrolamos o velho e bom inglês. Na Itália, até em Português a gente se entende. Foram altos papos português-italiano e italiano-português. E o que não dava para entender, falava-se em inglês, pois como é um país extremamente turístico todos falam essa língua universal. Mas Praga, alguém já falou Checo? Até no aeroporto eles falando em inglês ninguém entende nada. É uma loucura. Tivemos um pequeno problema com uma das malas que, segundo a mulher da Czech Arlines, estava acima do peso. O problema é que ela virou-se para a gente e disse: "sorry, your baggage is too heavy" (desculpe, mas a sua bagagem está muito pesada), e simplesmente ficou olhando para a gente. Sim, e? E nada, ela simplesmente olhava para a gente e repetia que não podia embarcar a mala porque estava muito pesada. Eu já estava prestes a pedir a mala de volta e dizer a ela que iria jogar uma camisas fora, no lixo, o que fosse para embarcarmos. E a mulher só fazia olhar para a gente e repetir a mesma coisa, que a mala estava pesada demais. Foi quando Afra teve a brilhante idéia de esfregar o dedo polegar no indicador (símbolo universal do dinheiro). Foi quando a atendente resolveu nos dar a opção de pagarmos o excesso de peso para embarcarmos a mala. Tivemos uma crise de riso no avião. Para fechar com chave de ouro, depois que pagamos do outro lado do aeroporto a taxa e voltamos, Afra virou para a atendente e soltou esta: "e as malas, we left here?". Foi uma mistura de português e inglês, no passado do presente imperfeito e com uma afirmação com entonação de pergunta. Entenderam? Foi perfeito. A moça limitou-se a olhar para ele e acenar de forma positiva com a cabeça. Acho que ela não entendeu simplesmente nada. Até agora eu estou rindo sozinha.
Aliás, no avião o negócio também não foi lá tão bem. As instruções foram dadas primeiro e, Checo e depois em um inglês rabugento que também parecia Checo. Não dava para entender praticamente nada. O encarte dos procedimentos de emergência no avião também estavam em Checo. Ainda bem que não tivemos intercorrências em nosso voo.
Descansamos um pouco no Hotel (que por sinal é ótimo). Mas precisávamos criar coragem para enfrentarmos o nosso primeiro jantar e Checo. Saímos andando pelas ruas de Praga, já eram quase 21h em busca de um restaurante. Paramos na frente de uns três, mas em todos o cardápio que ficava afixado na porta era em Checo. É algo do tipo:
ČESKÁ BÍLÁ VÍNA - TSCHECHISCHE WEIßWEINE - CZECH WHITE WINES
0,75 Ryzlink rýnský 2008 / Pozdní sběr - suché (Znovín Znojmo) 465 Kč
0,75 Sauvignon 2007 / Pozdní sběr - suché (Znovín Znojmo) 465 Kč
0,75 Chardonnay 2007 - suché (Znovín Znojmo) 465 Kč
0,187 Veltlínské zelené 2007- suché (Znovín Znojmo) 75 Kč
0,187 Muller Thurgau 2007 - suché (Znovín Znojmo) 75 Kč
0,2 Ledové víno Ryzlink rýnský 2007
Em outras palavras, não dava para entender nada. Afra já estava desanimado, pensando em passar fome por três dias quando encontramos um simpático restaurante onde tinha um menu turístico em inglês. Sem nem pensar, entramos. A cortina de fumaça era uma coisa absurda. Não dava para enxergar um palmo na frente do nariz, sem contar o cheiro insuportável. Pelo menos percebemos que o segundo ambiente era livre de cigarro. Pegamos uma mesa e sentamos. O garçom simpático nos perguntou: "English ou Germany?". Afra quase respondeu: Portuguese.
Bem, fomos atendidos por um garçom simpático, de inglês rabugento. Mas pelo menos conseguimos comer. Aliás, a comida estava divina. Experimentamos aqui a tão comentada cerveja Tcheca. Era uma caneca de 1/2 litro. Os pratos de comida eram algo cavalar. O meu mesmo veio em uma bacia. Bem abastecidos de comida e cerveja, voltamos caminhando pelas ruas de Praga, em pleno gelo da noite, para o hotel.